Paraná Produtivo: desenvolvimento equilibrado é meta e desafio para os Campos Gerais

Caracterizada pela concentração da renda em alguns poucos municípios, a região dos Campos Gerais do Paraná tem se mobilizado para buscar um desenvolvimento mais equilibrado. Marcada por desigualdades, a região tem como importante polo o município de Ponta Grossa, dono do maior PIB industrial do interior do Paraná, com grande concentração de indústrias especialmente do setor metalmecânico e de alimentos.

Produção de madeira é uma das principais atividades dos Campos Gerais.| Foto: Gelson Bampi/Agência Fiep. 

 

Tem também Carambeí e Castro, com uma das principais bacias leiteiras do Brasil e indústrias de laticínios e carnes. E Telêmaco Borba e Ortigueira, com indústrias papeleiras. A indústria da madeira é forte também na região. Mas há um grande descompasso no nível de desenvolvimento desses municípios em relação aos demais da região.

As lideranças locais apostam agora no programa Paraná Produtivo, coordenado pela Secretaria do Planejamento, para atacar as deficiências e buscar um crescimento equilibrado, que atenda a todos os municípios. São 19 no total. Entre os menos desenvolvidos, em comparação com as cidades polo, estão Cândido de Abreu, Reserva, Sengés e Ventania, por exemplo.

Essa é a região 8, do Paraná Produtivo. “A proposta do programa é exatamente o desenvolvimento integrado, que veja todos os municípios”, destaca Marcelo Percicotti, coordenador de integração econômica da Secretaria do Planejamento. “Há necessidade de trabalhar um processo equilibrado para toda a região, aproveitando as potencialidades de cada um”, acrescenta.

O Paraná Produtivo estruturou um plano desenvolvimento para oito regiões do Paraná, que reúnem 202 municípios. São aqueles que não estavam ainda contemplados em nenhum planejamento já em curso. Os planos foram construídos a partir de consulta às comunidades, por meio de oficinas realizadas ao longo de 2021.

Descentralização das decisões para direcionar recursos

“É uma descentralização das decisões para direcionar os recursos”, destaca Ericléia de Fátima Dlugosz da Silva, presidente do Comitê Territorial Vale do Tibagi, entidade que reúne lideranças locais, representantes da iniciativa privada, do setor público e de instituições de ensino que busca a melhoria do ambiente de negócios para as micro e pequenas empresas.

Empresária do setor de serviços florestais, Ericléia conta que nas oficinas do Paraná Produtivo foi levantada a necessidade de se investir na educação empreendedora e no cooperativismo e associativismo como forma de impulsionar a agricultura familiar, as agroindústrias e o turismo rural.

“O pequeno produtor tem que enxergar a sua propriedade como um empreendimento, mas sozinho não consegue. Precisa ser por meio do associativismo”, diz. Além disso, ela reforça que a assistência técnica é essencial porque as áreas são pequenas e o agricultor precisa produzir com tecnologia para ser eficiente. “Cerca de 70% dos pequenos agricultores aqui não contam com assistência técnica”, observa. A agricultura da região se destaca especialmente pela produção de feijão, cevada e tomate.