Facilitar capacitação é a aposta de região do PR contra a falta de mão de obra qualificada

De um lado um grande contingente de pessoas precisando trabalhar, de outro, indústrias demandando mão de obra, mas com dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados. O descompasso despertou a atenção de lideranças das regiões de Umuarama e Cianorte, compostas por 33 municípios, que elegeram como prioridade, na busca pelo desenvolvimento, o investimento em educação e capacitação profissional.

“Temos escassez de mão de obra qualificada. E, ao mesmo tempo, nossa região é um importante polo educacional, com diversas instituições voltadas ao ensino”, diz Francisco Bochi, representante local na comissão provisório do Programa Desenvolvimento Produtivo Regional Integrado, liderado pela Secretaria do Planejamento. Segundo ele, capacitar as pessoas para o trabalho é essencial e, para isso, é preciso aproximar quem oferta a qualificação de quem precisa se qualificar.

Quinhentas vagas abertas na indústria

O presidente do Sindicato das Indústrias Moveleiras, Marcenarias e Afins de Umuarama e Região (Simur), Mauro Aleyx Ribeiro, confirma. Segundo ele, as 120 empresas representadas pelo Simur (grande parte fábricas de estofados) têm vagas abertas no momento para 500 trabalhadores. “O que falta é qualificar essas pessoas”, diz.

Ribeiro conta que numa recente parceria entre o Sindicato e o Sesi e Senai (entidades do Sistema S) foram formados 23 tapeceiros (profissional que faz o revestimento dos sofás). “Eles acabaram de se formar e já foram contratados pelas indústrias”, conta.

O Paraná Produtivo, como é conhecido o programa, busca estruturar um plano de desenvolvimento para cada região do estado que ainda não dispõe desse planejamento. A construção do plano é feita a partir de consultas às comunidades locais, por meio da realização de oficinas. O estado foi organizado em oito regiões. São elas: Região 1 (Santo Antônio da Platina), Região 2 (Cornélio Procópio), Região 3 (Paranavaí), Região 4 (Cianorte e Umuarama), Região 5 (Campo Mourão), Região 6 (Guarapuava), Região 7 (Irati e União da Vitória) e Região 8 (Telêmaco Borba, Castro e Ponta Grossa).

Capacitação e desenvolvimento: dificuldade em encontrar costureiras industriais

Falta de qualificação profissional é maior entrave para conquistar uma vaga de emprego.| Foto: Universidade Estadual de Maringá (UEM) – Câmpus Regional de Cianorte

A região 4 tem a indústria de confecção como carro-chefe. Em Cianorte, o destaque é a produção de roupas e, em Umuarama, são fábricas de estofados e colchões. “Elas disputam os mesmos trabalhadores. Temos uma dificuldade enorme em conseguir costureiras industriais. Por isso temos que preparar mais pessoas para este mercado de trabalho que está aquecido por aqui”, diz Bochi.

O plano de desenvolvimento proposto prevê a integração do setor produtivo com as diversas instituições de ensino (do Sistema S, das universidades e do governo, entre outras). “Já há algumas iniciativas como o programa Recomeça Paraná, em parceira com o Sebrae e a Carreta do Conhecimento, parceria com o Senai”, informa Bochi. Ele diz estar confiante de que a iniciativa vai trazer bons resultados para a região.

“Já tivemos vários programas de desenvolvimento, mas nem sempre eles vinham ao encontro do que efetivamente precisávamos. Dessa vez o governo fez o contrário”, disse, referindo-se à metodologia que começou por consultas às lideranças locais e pelo envolvimento das comunidades na formatação do plano.

Turismo também é um potencial da região

A comunidade local identifica também um potencial turístico importante na região. O município de Cruzeiro do Oeste é conhecido como a “Cidade dos Dinossauros”, por ter um rico sítio paleontológico. Tem também o Parque Nacional de Ilha Grande, na Bacia do Rio Paraná, na divisa dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul sobre o arquipélago fluvial de Ilha Grande com mais de 78 mil hectares. Além disso, há também o município de Alto Piquiri, já com iniciativas voltadas ao turismo religioso.

O coordenador de Integração Econômica da Secretaria do Planejamento, Marcelo Percicotti, diz que agora, com o plano de desenvolvimento entregue à região, o próximo passo é estabelecer a governança local e buscar as parcerias estratégicas para efetivar as ações. “Vamos continuar apoiando a região nesse processo”, disse.